Eu realmente não sei se estou errado, não sei se estou
confuso, não sei se me confundindo ficarei mais tranquilo. Talvez seja absolvido
pela corte marcial da consciência.
Pode ser que a busca pela confusão seja a fuga da realidade,
a porta de mentira, a chave falsa ou a busca pela invenção do coerente.
Honestidade
com alarme falso.
Passei anos, meses, semanas e dias em busca de alguém para
dividir as mesmas coisas, os mesmos gostos, os mesmos sonhos, as mesmas formas,
o mesmo canto da casa, a mesma roupa, a mesma pele, as mesmas ilusões e
escolhas; porém quando encontrei essa pessoa, toda a minha vontade se perdeu. Se
esvaiu, desceu pelo ralo da dúvida.
Foi pior que sexo sem orgasmo, foi um prazer meio
insatisfeito, bem mal feito.
Descobri depois de muitas cenas e episódios parecidos que o
meu verdadeiro prazer está na conquista e nunca na continuidade dela. Descobri que
todo meu encanto, todo meu desejo, todos os meus anseios, todos os meus dramas
e minhas tramas se rendem ao deleite da conquista.
É como um vício sem
volta, é como um imã voraz de quem adora o desafio de chegar lá e tomar um novo
território.
Eu adoro desafio, adoro a rendição do outro. Adoro observar
a vítima se rendendo a uma algêma em forma de palavra, pois palavras prendem
mais que algêmas, palavras nos fazem entrar na cela e jogar a chave fora.
Adoro
a súplica por cuidado, adoro a carência e o elogio do cativo. Sou o carcereiro
que escuta o agradecimento entre as grades e finge que nada aconteceu. Mantenho
minha fama de carrasco sem alma.
Aqueles que se prendem demais a alguém acabam sofrendo de
devoção sentimental, e devoção sentimental é doença dos sentidos. É patologia
burra.
O doente inverte as ordens, muda as direções do certo para o errado. Inverte
os pólos.
Os primeiros sintomas começam a se manifestar quando as críticas
soam como elogia, quando o abandono se torna carinho, quando o esquecimento é
sinal de querer preservar sentimentos. O doente acha que o outro é a sua
própria cura e já começa a se sentir a doença quando já não agrada tanto quanto agradava antes. Com o passar do tempo o quadro vai se agravando e a U.T.I. instalada aparece
quando o doente não consegue mais viver sem ofensas, sem desaforos ou
decepções.
Entre o carcereiro e o cárcere existe uma linha frágil,
porém definitiva.
Só vale se prender a alguém se esse alguém deseja mesmo se
prender a você.
Isso sim é conquista.
W.O.
Se prender a alguém sem sufocá-lo...eis o segredo e grande desafio!!
ResponderExcluirBelo texto!