É sede de pele, é a vontade do toque, é angústia desesperada no beijo, é olfato definitivo no cheiro.
Mistura
mortal de desejo. Mortalidade que revigora.
Não aprendemos o prazer sozinhos, fomos ensinados através do
prazer do outro, aprendemos o toque com o toque de alguém, aprendemos o cheiro
com outro cheiro, aprendemos o beijo com outro beijo.
O beijo do outro.
Sexo é uma escola e nunca uma escolha.
Prazer que recebemos e entregamos ao mesmo tempo. Sem tempo
de pensar.
O prazer sempre chega mudo e vai perdendo o silêncio. Começa
devagar e vai tomando territórios. Fazendo as primeiras vítimas.
Fetiches em forma de soldados. As mãos correm pela
superfície do território escolhido, terra antes só conhecida e devorada através
dos olhares silenciosos das trincheiras. Conquista exige espreita. Exige espera.
A curiosidade aumenta ainda mais a tensão entre as frentes em choque fatal e
inevitável. Colapso de satisfação resultante da atração voluntária.
Mãos queimam, corpos se repelem e se atraem na mesma
frequência. Frenética genética do instinto involuntário. O suor que escorre é
como a água para a sede, é como a sombra para o sol, é vida na morte.
Me sinto
mais vivo depois de morrer nos braços de alguém. Nossas forças terminam por
tempo indeterminado, indesejado. Caímos no campo minado de onde brotaram todas
as armas, todas as torturas e curas necessárias.
É o cheiro que me sara, é o cuidado na palavra, é carinho de
esparadrapo, é a enfermeira dentro do mesmo quarto, é o pedido de silêncio que
antes eu só conhecia através dos quadros espalhados pelas paredes dos pronto
socorros.
Pronto socorro é ser salvo entre as pernas, ser internado no
abraço, ser transferido para a U.T.I. (unidade de tara intensiva), ser deixado
por baixo com o coração por cima, ser desfibrilado pelos seios no peito sem
deixar escapar nenhuma reação.É olho no olho. Olhares sem roupa.
Eu não quero voltar a
vida, quero continuar sendo cuidado, quero continuar levando choques de alto
tesão somados as descargas de orgasmos múltiplos e palavras singulares.
Não quero receber alta de você. Quero permanecer internado
dentro da sua vida.
Somos um sempre. Somos uma só vida sempre respirando em
nossa falta de fôlego. Vivemos sempre que perdemos o ar.
Se for para nos faltar algo, que sempre nos falte o ar.
W.O.
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