domingo, 17 de agosto de 2014

Reacionários



Estamos do lado de fora da guerra. Observamos falsos soldados entregando suas vidas em nome da revolução. Em nome da mudança. Reparamos no sangue escorrendo na ponta das baionetas, são flores jogadas no lixo. Assistimos o mais feroz dos combates em tempo real, é o tempo mentiroso em que sobrevivemos. Não queremos nada com essa revolução. 

Somos reacionários por natureza!

Queremos que o amor permaneça como ele sempre foi . Queremos que os bilhetes continuem sendo enviados às escondidas, queremos que as ligações com declarações apaixonadas permaneçam, queremos que os pais continuem exigindo que os pretendentes compareçam até sua residência para formalizar o pedido de namoro com seus filhos, queremos que a liberdade do respeito continue, queremos a volta do namoro de mãos dadas na sala de casa, queremos mais sorrisos abertos e menos preocupações, queremos cuidar de quem nos importa, queremos a volta do cuidado e do afeto que vem desaparecendo com os anos, queremos que os jovens vivam uma etapa de cada vez sem pular do mais fácil para o mais difícil do dia para a noite.


Queremos a boa preocupação de volta. Queremos descobrir por onde o cuidado anda.

Lá fora estão pregando uma revolução que nos deixará a pé de sentimentos. Temos que resistir até o fim, temos que exigir o direito de sentir amor, temos que nos armar até os dentes com toda ambição de que o simples nunca desaparecerá. Estão tentando implantar nas mentes que o fácil é o certo, que carinho é sexo, que amor é transar no primeiro encontro, que o diferente é mais legal que a responsabilidade, que namoro é ficar pelado para o outro em todos os encontros, que sentir desejo por alguém do mesmo sexo é imitar a “modinha” da novela das oito. 

Para onde estão tentando levar o respeito?  Onde estão tentando esconder o respeito dos filhos com os pais? Onde fica o cativeiro do amor dos pais pelos filhos? Será que estamos gastando mais tempo em frente ao computador e menos tempo tendo uma conversa sincera e honesta? Conversa de amigos?  Será que os pais tem abandonado os filhos e deixado que estranhos cuidem deles?  Será que em tão pouco tempo nos tornamos miseráveis na sensibilidade com o outro? Será que aplicativos substituíram atitudes? Nosso fracasso se aproxima em esfera mundial.

Eu quero continuar sendo chamado de antigo, quero ouvir dizer que sou “careta”, quero permanecer sendo taxado como romântico por convidar uma mulher para jantar e puxar a cadeira dentro do restaurante para que ela se sente primeiro que eu, quero continuar ouvindo piadas por abrir a porta do carro, quero continuar escutando bobagens de quem é infeliz no amor, de quem no fundo queria ser como eu sou e nunca teve coragem. Nunca mandou flores, nunca disse “Eu te amo”, nunca se deitou na areia da praia e viu o sol se pôr, nunca guardou uma carta manchada de lágrimas, nunca deixou suas lágrimas em alguma carta, nunca recebeu uma carta,nunca morreu de paixão, nunca ressuscitou por amor, nunca virou o jogo, nunca venceu seu medo de amar primeiro sem esperar nada em troca. 

Quero continuar me sentindo alegre nos limites, pois fui criado com eles e nem por isso sou menos feliz.
 
Quero continuar ainda que sozinho desafiando a massa de manobra.

Amor é diferente de liberdade. Quem ama impõe limites, pois todo limite do amor reside nas fronteiras do coração. 

Se a revolução deles quer mudar o amor de verdade junte-se a nós e seja reacionário.

Seus sentimentos mais vivos agradecem.

W.O.

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