segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Amor próprio

A pior dor da separação não são as coisas que o outro leva consigo. A pior dor é tudo aquilo que o outro deixa. Deixa a mobília no meio de nós, nos rebaixa a uma mesa de canto, nos transforma em algo que ficou para trás. Deixa os nossos sonhos para viver planos de ilusões, deixa os nossos sentimentos com a desculpa de que sente muito, deixa a raiva com a desculpa de tentar ser feliz, deixa a mágoa como o pior dos castigos.

Castiga-nos com piedade nos olhos. Deixa os medos com a desculpa de querer enfrentar novos desafios. 

Deixa desculpas ao invés de sinceridades.

Sinceridades demais acabam em desculpas mais cedo ou mais tarde.
Os insensíveis não resistem à sinceridade por muito tempo. São perecíveis ao que é bom.

Deixa tudo aquilo que já não suportavam mais carregar.

Deixa tudo que as mãos já não aguentariam, deixa o peso da culpa de si mesmo, deixa o peso de algo que já não sabia mais como suportar.

E mesmo que tente levar os pensamentos para longe, será em vão.

Sempre se lembrará das conversas, sempre recordará os melhores momentos, nunca apagará de si mesmo quem fomos.
Seus pensamentos serão sempre algemas, sempre cordões que não podem ser quebrados. Seja por gratidão ou por remorso.

Cada um escolhe se cava um poço ou se aprende a voar sozinho.

É através das dificuldades que nos tornamos melhores. São elas que aperfeiçoam o que somos.

Nossas escolhas erradas ficaram no passado, agora buscamos sempre a escravidão da certeza ao invés da liberdade da dúvida.

Não existe separação pior que a separação de nós mesmos. Não tem nada tão ruim quanto se destruir em favor do outro, não existe estágio pior que o estágio do abandono próprio em busca de alguém vazio. 

A pior separação é a separação do honesto, do limpo e do decente.

Saber quem somos é o início de um novo começo. Saber que o nosso valor é de extrema importância para nós mesmos é a chave que fecha as portas do passado.

Podemos passar noites em claro, podemos morrer de tanto chorar, podemos ligar para os amigos, podemos fingir a crueldade, podemos ignorar a falência, podemos atravessar a rua e fingir que não vimos nada, podemos dormir o dia todo, podemos correr de nossas próprias vontades, podemos virar noites acordados, podemos até tentar esquecer os nomes, porém o maior nome que existe em nós sempre precisa estar vivo e sempre deve ser lembrado:

- Muito prazer, meu nome é amor próprio e o seu? 


W.O.

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