Pessoas chegam e vão embora com a mesma atitude, porém
jamais do mesmo jeito, jamais da mesma forma. Toda chegada se parece com uma
partida, cada “adeus” lembra um “oi”. Pessoas se despedem da mesma maneira que
se cumprimentam. É um abandono anunciado.
Nossa maior tendência é a de sempre abandonar o que é bom. Trocar
o que é bom pelo que parecia bom. Na dúvida jogamos fora o que temos, em busca
de uma promessa que nem conhecemos.
Possuímos a vocação dos insatisfeitos, a reclamação dos
infelizes e a ausência de inteligência dos solitários.
Quantos de nós, solitários, infelizes e reclamando um mundo que
não existe?
As partidas sempre me fizeram bem, eu fazia do quarto de
casa o local do meu próprio velório. Virava a madrugada daquela data infeliz
velando meus acontecimentos. Chorava a morte do relacionamento, chorava pela
vida de quem se foi.
Chorava sobre os meus medos. Chorava sobre as minhas
ilusões. Quando a lágrima escorre a cabeça dói, o peito aperta e o desabafo é
involuntário.
Não é tão simples nascer novamente. Algo precisa morrer para
que isso aconteça.
Sempre choro agradecendo por ter conhecido alguém tão
especial, tão diferente, tão grande, mas que durou tão pouco em mim. Meu choro
sempre é a busca em tentar entender o motivo de eu ter sugado tanto alguém que
não tinha o poder de me preencher por completo.
Sempre choro por não economizar o outro. Sempre não
economizar e perder.
Choro é sempre uma certeza. Nem sempre a notícia boa.
Quando se chora na despedida carregamos o desespero de
deixar ir. Abrir a porta para uma parte do que éramos e mudar com a despedida. A
inquietação de permanecermos sozinhos.
Somos vulneráveis quando choramos, nos tornamos seres
sujeitos a receber uma palavra qualquer, qualquer palavra que seja e ainda
agradecer. Ficamos abertos a receber alguém novamente. Alguém que depois de um
tempo pode nos levar de volta ao choro.
Desejo que a vida seja única com várias mortes. Muitos enterros,
muitas cinzas deixadas de lado, muitas razões para nascer novamente.
Quem se vai também morre. Quem se vai morre para nascer
novamente em outro alguém que também buscava a ressurreição.
Como é bom se sentir mais vivo depois de passar pelas mortes
no amor.
O céu de quem ama é um amor eterno.
Quem ama de verdade nunca morre. Quem ama fica até depois da morte.
W.O.
Cada vez mais vivos ficamos...após cada morte de amor!
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