sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Silêncio e Resposta

A renúncia mora na denúncia e se esconde na pergunta. Toda mulher pergunta denunciando, pergunta pedindo socorro, dando sinal de morte, esperando sinal de vida. Pergunta buscando ser compreendida, pergunta com o temor de que jamais ouça a resposta. Mulher é urgência.

Quando perguntam: “você me ama?” estão buscando a autoafirmação de um sentimento próprio, mas que mora dentro do outro. Querem ter a certeza de que a casa não está abandonada, querem garantir que não existe vazio, querem despejar a solidão. 

Querem a garantia de que a escolha não foi um engano. Que o amor continuará morando ali.

Quando questionam: “como foi seu dia?” estão buscando a conversa, clamam pelo desabafo, imploram cuidados, ofendem as noites mal dormidas, protestam a ausência de carinho, denunciam tudo o que falta. 

Nunca conseguem viver com o que sobra. 

Querem a troca de pensamentos. Trocam suas vidas pela vida do outro.

Não responder é pior. Não responder é a rua sem saída, é caminhar começando do raso em direção ao fundo do mar. É se afogar nas tentativas de fuga. Areia movediça das atitudes.

Silêncio permite que a rainha alcance o xeque-mate no tabuleiro de xadrez. Silêncio não salva.

Homem não lida bem com perguntas, suporta mais as exclamações que as interrogações. Não suporta perguntas, pois não lida bem com respostas, não é adepto a dar satisfações. Prefere sumir a explicar o motivo da falta de palavras.

Assim como no tabuleiro de xadrez a guerra do homem é silenciosa e solitária. A guerra da mulher é escandalosa e rodeada. Se for preciso ela chamará quem estiver passando na rua, irá gritar por todos os lados a revolta que nem ela mesma crê. Mulher odeia o silêncio do outro, mas preserva o seu próprio em busca da palavra alheia. 

Mulher espera desde sempre por respostas. Não lidam bem com as afirmações, pois são muito frágeis diante da dúvida. Para elas a dúvida nunca termina. Nunca tem fim.

O melhor é se completar no outro ao invés de se destruir, o melhor é deixar que um seja a resposta do outro. 

O melhor é se deixar ser questionado. O melhor é espalhar afirmações cúmplices. 

Que eu possa ser sempre a resposta para todas as suas perguntas, e que todas elas me tornem sempre a sua peça chave. 

W.O.



Nenhum comentário:

Postar um comentário