Eu sempre gostei de observar a chuva. Perceber nos reflexos
a água da chuva, sempre admitindo a necessidade de observar as gotas que
escorriam pelo lado de fora da janela; era um espelho do meu interior, era a
passagem de volta para eu mesmo.
Era a cura pela simplicidade, a dança
sincronizada das gotas escorrendo pelo vidro, era o simples que me encantava
trazendo a amnésia boa.
Eu poderia passar horas ali diante de uma imensidão de
sonhos somente visualizados através da janela da minha casa.
Um relacionamento vislumbrado por muitos, porém tocado por
poucos também funciona assim. Alguém simples nos encanta pela facilidade com
que prende nossa atenção, podemos passar horas observando a dança das palavras
como a água escorrendo pelo vidro. Esse alguém nos faz esquecer tudo, chama a
nossa atenção de distraída, cega nossas memórias frias e cicatriza até as
maiores feridas. Esse alguém é um espelho. Cabemos um no outro sem quebrar nada.
Não entendo quem parte para a bebida após o fim de um
relacionamento. Tentar mudar um estilo de vida do dia para a noite não costuma
funcionar. A solidão não precisa ser desesperadora assim como a felicidade
também não precisa ser infinita. Fracasso a gente não brinda, fracasso a gente
corrige, recalcula o GPS da alma em busca de um caminho melhor.
Não resolve viver se lamentando.
Que a imensidão me surpreenda como um dia eu já fui imensidão.
Preciso de alguém que transborde em mim e não apenas me consuma.
Que você seja a única chuva...
Que você nunca passe...
Que você seja a única chuva...
Que você nunca passe...
W.O.