sexta-feira, 22 de abril de 2016

Antídoto.

Hoje eu fiz uma visita ao meu médico particular e depois de contar-lhe toda a situação que rondou os meus últimos meses de vida, seu diagnóstico foi o seguinte:

- Você não tem nada e ao mesmo tempo tem tudo!

A consulta, realizada em uma mesa de botequim foi com o Paulo, amigo de longa data, meu primo de sangue e médico por ofício. Atende-me nas horas vagas, nas horas em que eu vago por aí. Entre uma cerveja e outra Paulo me socorria, perguntava o que eu estava sentindo e eu embalava em uma nova história; entre conclusões e interrogações, Paulo só tinha cada vez mais a certeza de que meu estado era grave, ora olhava nos meus olhos e morria de rir, ora colocava as mãos na cabeça e embutia um semblante de preocupação misturada a admiração, pois sabia que eu  havia me tornado um viciado em me apaixonar e não tinha mais volta.

Ele me disse que caso continuasse dessa forma, eu passaria a frequentar as bocas por aí, faria uso dos perfumes alheios e passaria a furtar lingeries de vários tipos como forma de marcar a minha infinita delinquência emocional e sexual pelas mulheres.

Contei a ele que em uma das últimas tentativas de conseguir sobreviver nesse mundo de escravidão sentimental, fui roubado e também roubei, roubei muito, tirei tudo de várias mulheres, inclusive a roupa. Na tentativa de sequestrar alguém, quem foi mantido em cárcere privado fui eu. Não deu certo, minha relação com a refém foi péssima e a libertei mesmo sem pedir resgate, minha libertação foi deixa-la partir. Nas tentativas de assalto á mão amada, fui recolhido pelo policiamento do meu passado, pelas rondas de minhas ex no meu facebook e whatsapp.

Contei também que depois de tantas tentativas eu resolvi ficar na minha, pois a última delas não havia sido bem sucedida, preferi me dedicar ao meu trabalho, a alguma atividade física que pudesse substituir temporariamente o sexo, jogos e passatempos para me distrair desse mundo marginal.

Paulo ouviu tudo e me questionou:

- E adiantou se afastar desse mundo?

Eu dei mais um gole no último copo de cerveja e respondi de forma negativa balançando a cabeça de um lado para o outro. Consegui ficar longe disso somente um mês ou dois, a paixão foi me buscar como os traficantes fazem, invadiu meu coração e levou tudo, me levou junto, me entregou para um novo alguém. Eu tentei negociar, tentei deixar claro que esse tipo de crime não compensava mais e que poderíamos somente viver aquela noite e nunca mais nos vermos; 

Foi em vão.

Depois daquela noite, depois de ficar junto das 21:30hrs da noite até ás 07:00hrs da manhã do dia seguinte eu percebi que continuo viciado em ser feliz, viciado no antídoto para o que nunca deu certo,para uma doença que nunca encontrou sua cura, viciado em fazer feliz aquela que veio se apaixonar, veio me apaixonar...

Não tenho mais nada com o meu passado e tenho tudo de novo podendo amar.


W.O.

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