Sempre me preparei para o encontro e nunca desejei a
despedida. Não fui preparado para o divórcio de alma, separação de corpo,
despedida inesperada. Toda despedida é inesperada, ainda que tramada,
arquitetada, pensada, fundamentada, construída e desejada. Despedida é marca. Você
sempre briga e ameaça, sempre discute e fala, sempre chantageia e cala.
Caminha em direção à porta e para.
Ninguém conta com a despedida, pois sempre pensamos que ela
nunca vai acontecer, o outro sempre desafia a nossa coragem, subtrai nossa imagem,
altera nossa imparcialidade. Até que ela vem. Chega a hora e abre se a porta;
dobram-se as roupas, calam-se as bocas, fecham-se os olhos, matam-se os sonhos.
Todos sepultados num “Descanse sem paz”, “sem mais”.
Viagem sem volta, tormento à volta.
No encontro entregava-se ternura, carinho e emoção, na
despedida vendemos caro um simples pedaço de solidão.
Minha alma te deixou, me expulsou do seu corpo. Levei comigo os cheiros, gestos, vetos, palavras, sensações e espantos. Tudo para dividir
sozinho, deixado em algum canto.
O encontro é esperança renovada, a despedida é rotina
amargurada.
O encontro é alívio no outro, a despedida é o desespero
solto.
O encontro é mais uma chance, a despedida é o mesmo fracasso
de antes.
No encontro vivemos a cor da renovação, na despedida
morremos no escuro da decepção.
Encontro é ressurreição, despedida é morte.
Sempre será necessário morrer no outro para encontrar
alguém melhor. Sem o luto não existe renascimento, sem o luto não se enterra o
passado.
É preciso viver o inferno da separação para renascer no céu
de uma nova paixão.
W.O.
(Arte de J.W. Waterhouse).
W.O.
(Arte de J.W. Waterhouse).
Nenhum comentário:
Postar um comentário